Paraguaios resgatados de fábrica clandestina de cigarros em Vigário Geral eram submetidos a condições precárias
13/05/2025
(Foto: Reprodução) Segundo investigadores, as condições de higiene no local, assim como o alojamento, banheiro, cozinha e alimentação eram 'péssimas'. Setenta e um paraguaios já foram libertados de fábricas ilegais no ano. Operação contra fábrica ilegal de cigarros na Zona Norte no Rio
Reprodução/TV Globo
Paraguaios resgatados em situação análoga à escravidão por uma operação das polícias Federal e Civil e do Ministério Público do RJ em uma fábrica de cigarros clandestina eram submetidos a condições precárias no trabalho, segundo investigadores.
Segundo policiais envolvidos na operação, as condições de higiene encontradas eram muito ruins. Chamaram a atenção instalações como o alojamento, banheiro e cozinha, assim como a alimentação. A circulação de ar foi considerada "péssima", já que o ambiente era fechado e quente, com o maquinário funcionando e fazendo barulho.
O grupo de 22 paraguaios foi encontrado em uma fábrica em Vigário Geral, na Zona Norte do Rio. Cinco brasileiros que estavam no local foram detidos.
Fontes do RJ2 afirmam que a fábrica tem ligação com o bicheiro Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho.
Paraguaios resgatados de fábrica clandestina de cigarros em Vigário Geral eram submetidos a condições precárias
De acordo com a investigação, trabalhadores que são levados por fábricas clandestinas desse tipo usualmente são aliciados com uma promessa de uma situação de emprego que não é a de fato que eles encontram aqui.
Os estrangeiros geralmente são cooptados para trabalhar na na construção civil e na indústria têxtil com promessas de salários de até R$ 5 mil. Chegando aqui, ficam sabendo do real ramo de atuação da empresa e recebem apenas um dos salários, ou não recebem nada.
71 paraguaios liberados no ano
Levando em conta outros paraguaios liberados de fábricas clandestinas de cigarro este ano, que também seriam ligadas a Adilsinho, 71 estrangeiros já foram resgatados.
Em março deste ano, Adilsinho foi alvo de um mandado de prisão em uma outra operação da PF contra a máfia de cigarros ilegais no Rio.
Na época, 12 pessoas foram presas, incluindo um policial militar e um policial rodoviário federal. Além disso, 350 milhões de reais foram bloqueados em bens e valores.
A Polícia Federal, na ocasião, revelou um esquema dividido em núcleos organizados para captação e importação de mão de obra no Paraguai, compra de insumos e até escolta armada das cargas.
Nessa investigação, três fábricas clandestinas atribuídas ao grupo de Adilsinho, em Duque de Caxias e Paty do Alferes, no interior do estado, foram fechadas. Segundo o inquérito, 49 paraguaios em situação análoga à escravidão foram libertados.
A PF aponta ainda que a máfia comandada por Adilsinho está por trás do sumiço de três máquinas usadas na produção de cigarros, que estavam na Cidade da Polícia.
A Polícia Civil reconhece apenas o furto de uma delas. A maior, de cinco toneladas, que não foi encontrada até agora. O RJ2 mostrou que os criminosos precisaram contratar um caminhão tipo munk para retirá-la da Cidade da Polícia.