Por que a Turquia é o novo alvo da ofensiva de Trump contra a Rússia

  • 26/09/2025
(Foto: Reprodução)
Trump deixou claro para Erdogan que quer que a Turquia pare de comprar petróleo e gás russo Bloomberg via Getty Images O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se reuniu na tarde desta quinta-feira (25) com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, na Casa Branca. A guerra na Ucrânia foi uma das principais prioridades do encontro. O clima estava notavelmente menos tenso do que a última visita de Erdogan, em 2019, após uma significativa desavença política entre os países sobre a situação na Síria – um tópico em que os dois líderes estão mais alinhados hoje. Mas Trump não deixou de fazer cobranças e deixou claro que quer que a Turquia — membro da Otan — pare de comprar petróleo e gás russo. "A melhor coisa que ele poderia fazer é não comprar petróleo e gás da Rússia", disse Trump em conversa com a imprensa antes da reunião, argumentando que a guerra já custou "milhões de vidas". "E para quê? Vergonhoso", disse o presidente americano, repetindo críticas ao seu homólogo russo, Vladimir Putin. Ainda não se sabe como Erdogan responderá a esse pedido de petróleo de Trump. Somente o gás representa 41% das importações totais da Turquia. Em agosto, o presidente americano impôs uma tarifa de 50% sobre a Índia como punição pela compra pelos indianos de petróleo russo. O Brasil também está sujeito a sofrer cobranças parecidas: em agosto, uma reportagem da BBC News Brasil revelou que 60% de todo o diesel importado pelo Brasil nos últimos quatro anos vem da Rússia. Os comentários de Trump foram feitos algumas semanas após ele ter dito que estava pronto para impor sanções mais duras contra Rússia se os países da Otan cumprissem algumas condições, entre elas parar de comprar petróleo russo. Na terça-feira (23), Trump usou seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas para criticar a Europa por sua incapacidade de impedir isso. Os discursos recentes consolidam uma reviravolta na postura de Trump em relação à guerra na Ucrânia. No início de seu mandato, o americano trocou farpas com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e se mostrou mais alinhado às posições de Putin no conflito. Agora, passou a criticar Putin e a afagar Zelensky. Em 2022, a União Europeia, que compartilha 21 Estados-membros com a OTAN, obteve cerca de 45% do seu gás da Rússia. É esperado que essa taxa caia para cerca de 13% este ano. Durante a reunião com o presidente turco, Trump também disse acreditar que Erdogan pode usar sua influência e relacionamento com ambos os líderes – Putin e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky – para pressionar pela paz. Erdogan e Putin têm uma relação complicada e tensa. Eles expandiram a cooperação em diversas áreas desde o início da guerra na Ucrânia, embora a Turquia tenha fornecido drones a Kiev. Ambos desejam relações produtivas com os EUA, mas também são semelhantes em rejeitar qualquer influência significativa dos americanos. A abertura da reunião teve um início cordial, embora haja uma nítida falta de clareza sobre quais serão os resultados. Trump se referiu ao presidente turco, repetidamente, como "durão" — um elogio forte que ele reserva para poucos. As relações entre Turquia e EUA sob o governo Biden eram tensas, mas se acalmaram durante o segundo mandato do presidente Trump. Ambos os lados têm atuado com cautela na busca pela revitalização dos laços de defesa, comerciais e diplomáticos. Trump começou o encontro repetindo a falsa afirmação de que as eleições americanas de 2020 foram fraudadas. Olhando para Erdogan, disse: "ele entende de eleições fraudadas melhor do que ninguém". Em 2018, Erdogan foi reeleito para presidente da Turquia no primeiro turno com pouco mais de 52% dos votos. Na época, a oposição alegou que a eleição havia sido fraudada. Erdogan tem sido criticado por seu governo cada vez mais repressivo ao longos dos anos. Em março, sua administração prendeu seu principal rival político, o que levou centenas de pessoas às ruas para protestar. Suspensão de tarifas e sanções Trump falou com a imprensa sobre seu encontro com Erdogan na Casa Branca Andrew Harnik/Getty Images Atualmente, as exportações turcas para os EUA estão sujeitas à tarifa geral de 15%, taxa que o governo americano aplicou à maioria dos países. Trump disse que ele e o presidente turco ainda "vão conversar" sobre tarifas durante o encontro desta quinta-feira e que "vão fechar ótimos acordos comerciais para ambos os países". Em relação aos jatos F-35 e F-16 de fabricação americana, houve pouco mais do que promessas de "discutir" a potencial venda — embora Trump diga acreditar que Erdogan será "bem-sucedido". "Acho que ele terá sucesso na compra das coisas que gostaria de comprar", afirmou. A decisão de Erdogan de assinar um acordo para comprar, em 2017, e posteriormente implantar, mísseis antiaéreos russos S-400 levou os EUA a impor sanções à Turquia em 2020, que permanecem em vigor até hoje. O país não consegue adquirir F-35s de fabricação americana desde 2019, quando a Turquia foi expulsa do programa. Questionado por um repórter se vai "desfazer" o que chamou de "decisões estúpidas" do governo Biden de não vender mísseis Patriot à Turquia, o presidente dos EUA respondeu: "Vamos discutir isso". "Ele precisa de certas coisas e eu preciso de certas coisas. Chegaremos a uma conclusão". Guerra em Gaza Os presidentes Trump e Erdogan têm se mostrado particularmente interessados ​​em não pressionar um ao outro nas operações militares de Israel em Gaza, uma questão na qual têm sido apoiadores declarados de lados opostos. A Turquia tem apoiado os palestinos, enquanto os EUA são aliados de Israel. Questionado se estaria na mesma página que o presidente turco em relação à guerra, Trump se esquivou: "Bem, eu não sei a posição dele, eu não posso falar sobre isso." O presidente americano afirmou que teve um "ótimo encontro" com líderes do Oriente Médio durante a Assembleia Geral da ONU. "Eu acho que estão próximos de conseguir algum tipo de acordo", acrescentando que "é preciso resgatar os reféns". Trump tem apresentado algumas soluções para o fim da guerra, mas se nega a reconhecer o Estado Palestino afirmando que isso seria uma "recompensa" para o Hamas.

FONTE: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2025/09/26/por-que-a-turquia-e-o-novo-alvo-da-ofensiva-de-trump-contra-a-russia.ghtml


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