Tropa de Choque retira indígenas Guarani e Kaiowá após ocupação de fazenda em MS

  • 22/09/2025
(Foto: Reprodução)
Tropa de Choque retira indígenas Guarani e Kaiowá após ocupação de fazenda Indígenas Guarani e Kaiowá foram retirados da Fazenda Ipuitã, em Caarapó (MS), nesta segunda-feira (22), por equipes do Batalhão de Choque da Polícia Militar. No dia anterior, a comunidade da Terra Indígena Guyraroka (TI Guyraroka) havia ocupado parte da área, que ainda está sob domínio privado, para tentar impedir a aplicação de agrotóxicos no local. Segundo relatos de indígenas ao g1, os policiais usaram força física, cacetetes e balas de borracha para expulsar o grupo da fazenda. Já a Polícia Militar afirmou, em nota, que houve negociação e que não foi preciso usar força. A corporação também disse que não houve confrontos nem prisões. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp Um vídeo enviado pela comunidade mostra o momento em que os policiais chegam à fazenda. Veja o vídeo acima. "Acho que a intenção deles era matar todos que estavam ali, porque o ódio e a raiva era muito. A gente não fez nada pra eles. Tinha um casal morando na chácara e não precisava de dois caminhões cheios de tropa de choque", disse uma indígena, que não será identificada. Segundo a indígena, a ocupação foi motivada pelo uso contínuo de agrotóxicos na área. Ela afirma que a comunidade já havia pedido diversas vezes para que os responsáveis parassem com a pulverização. "O agrotóxico, ele é tão tenso que a gente não consegue mais produzir. A gente planta, eles matam tudo [...] Agora a gente não consegue mais produzir nada sequer". O Ministério dos Povos Indígenas informou, em nota, que acompanha o caso e que a Força Nacional de Segurança Pública está no local junto com representantes da Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) de Dourados. A Polícia Militar informou que enviou forças especializadas — como o Batalhão de Choque, Batalhão Rural, Batalhão Rodoviário e equipes do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) — após receber informações preliminares de que o caseiro da fazenda e sua esposa teriam sido feitos reféns. Confira abaixo as notas na íntegra: Nota do MPI Neste domingo (21/09), a comunidade da Terra Indígena Guyraroka, em Caarapó (MS), conduziu a retomada de parte de seu território tradicional, ainda em posse particulares, com o objetivo de frear a pulverização de agrotóxicos que vem causando adoecimento e gerando insegurança hídrica e alimentar às famílias indígenas. Após a mediação conduzida pela Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (CR/FUNAI) em Dourados/MS, os indígenas retornaram para a aldeia na tarde desta segunda-feira (22), estabelecendo um prazo para a apresentação de medidas de mitigação. O Ministério dos Povos Indígenas (MPI), por meio do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Fundiárias Indígenas (DEMED), juntamente com a FUNAI e a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), acompanha a situação de forma contínua. A FNSP cumpre diligências no local desde ontem, em apoio à FUNAI, e a pedido do MPI. No momento, encontra-se no território junto com representantes da Coordenação Regional da FUNAI de Dourados. Importante destacar que a TI Guyraroka é objeto da Medida Cautelar nº 458-19, concedida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) em 29 de setembro de 2019. A medida visa garantir os direitos à vida e à integridade pessoal dos indígenas, diante do contexto de vulnerabilidade, ameaças, assédio e atos de violência, historicamente vivenciados pelas comunidades. Contexto do território: Em 2009, a Portaria do Ministério da Justiça nº 3.219 declarou a TI Guyraroka de posse permanente dos Guarani e Kaiowá, com área de 11.401 hectares. Contudo, em 2014, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) anulou o procedimento administrativo de demarcação, aplicando a tese do marco temporal sem que a comunidade indígena fosse ouvida. A área de ocupação tradicional indígena tem Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação (RCID), com registros documentais que atestam a presença dos indígenas desde a década de 1920. O território corresponde, portanto, a uma área de ocupação tradicional de parentelas desse povo anterior à década de 1940, ao menos, quando o governo passou a vender e titular as terras para particulares. Desde o início dos anos 2000, as famílias indígenas lutam pela recuperação de seu território. Atualmente, apenas 50 hectares estão ocupados pelas famílias indígenas, que enfrentam sucessivos agravamentos de saúde e impactos ambientais causados pela pulverização de agrotóxicos nas plantações lindeiras à área. O MPI enfatiza que a instabilidade gerada pela lei do marco temporal (lei 14.701/23), além de outras tentativas de se avançar com a pauta, como a PEC 48, tem como consequência não só a incerteza jurídica sobre as definições territoriais que afetam os povos indígenas, mas abre ocasião para atos de violência que têm os indígenas como as principais vítimas. Nota PMMS A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul foi acionada neste último fim de semana em resposta à ocupação de uma propriedade rural no município de Caarapó, por indígenas da etnia Guarani-Kaiowá, que denunciam o suposto uso de agrotóxicos em áreas próximas à sua comunidade. Segundo informações preliminares enviadas à corporação, o caseiro da fazenda e sua esposa teriam sido mantidos como reféns, o que motivou o deslocamento de unidades especializadas (Batalhão de Choque, Batalhão Rural, Batalhão Rodoviário e equipes do DOF) para mediar a situação. Após negociação, não foi necessário o uso da força. O caseiro foi encaminhado à Defron, em Dourados, para os procedimentos cabíveis. Não houve, até o momento, relatos de confrontos ou prisões registradas. Equipes da FUNAI e Força Nacional também estiveram pelo local. A Polícia Militar reafirma seu compromisso com a segurança, o diálogo e o respeito aos povos originários e aos direitos humanos. Indígenas na Fazenda Ipuitã, em Caarapó (MS) TI Guyraroka Veja vídeos de Mato Grosso do Sul

FONTE: https://g1.globo.com/ms/mato-grosso-do-sul/noticia/2025/09/22/tropa-de-choque-retira-indigenas-guarani-e-kaiowa-apos-ocupacao-de-fazenda-em-ms.ghtml


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